segunda-feira, 24 de maio de 2010

Inutilidades (úteis) do dia-a-dia.

"A gente não sabemos tomar conta da gente" - Inútil (Ultraje A Rigor)


De vez em quando paro e me pergunto a razão de certas coisas. Nada muito filosófico, longe disso. Somente me refiro a certas que temos de fazer e no meu caso, aprender.
Acordo cedo, venho para a escola, vejo quadros e mais quadros de informações. Anoto linhas e mais linhas dos assuntos passados pelos professores. Chego em casa, almoço, assisto Friends, descanso um pouco e então, tenho páginas e mais páginas de exercícios para fazer, textos e mais textos para escrever. Até aí tudo bem. Sou estudante e é isso que deve acontecer. O que muitas vezes me deixa indignado, por assim dizer, é que muito disso, do que aprendo ou não aprendo, mas vejo na aula, nunca será usado por mim. São informações e mais informações que só irei usar se me profissionalizar na área. Discorda?
Então se pergunte onde você usa o balanceamento químico das massas atômicas em seu dia-a-dia? (É bem provável que você nem saiba o que isso é). E esse não é o único exemplo. Ainda não me disseram, nem descobri, onde aplico as funções logarítmicas, soma dos ângulos da co-tangente com os de seno, ou todos aqueles cálculos físicos de aceleração da gravidade, força de atrito entre tantos outros. Além de nomenclaturas, muitas vezes em latim, de células e partículas de células do nosso corpo e do corpo de insetos, bactérias e assim por diante. Sim! Tudo isso aí tem uma explicação, eu sei! Só que não em nosso dia-a-dia.
Esses assuntos, não são como andar de bicicleta, algo que se aprende e não se esquece mais. Necessitam de prática! E se não há prática, para que aprender todas essas inutilidades? Deveríamos aprender esses assuntos de uma forma mais superficial, só para que haja uma base e para que o aluno descubra se ele tem vocação para isso ou não. E não estou inventando tudo isso. Certa vez, li na revista Veja, a opinião de um professor sobre certas questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Ele coloca que certas questões (de química) só serão  realmente usadas pelos alunos caso eles venham a trabalhar com isso.
Talvez daí, é que vem a falta de motivação de certos alunos na sala de aula. Vendo que não gostam do que estudam e que nunca irão usufruir desse conhecimento mais tarde, deixam de prestar atenção e se empenhar nessas disciplinas ou assuntos. Errado? Claro. Como estudantes, temos o dever de estudarmos e nos empenharmos em todos os assuntos. Porém, facilitaria se tivéssemos a oportunidade de escolher nossa grade curricular.
É o que acontece na Nova Zelândia. Lá, no outro lado do mundo, os alunos do Ensino Médio escolhem as disciplinas que irão cursar. Assim os alunos podem escolher as disciplinas com as quais tem mais afinidade, estudando somente o básico das outras. Consequentemente o desempenho desses alunos aumentaria. Sem mencionar o fato de já ter uma noção maior de escolha para um curso superior.
Talvez, essa mudança no sistema educacional brasileiro seja uma loucura, já que os índices de educação no Brasil vêm melhorando (ainda que lentamente). Já que muitos estudantes (e talvez a maioria) não prestam atenção nas aulas e nem se empenham por que são preguiçosos. Talvez, a loucura maior seja dar tamanho poder de escolha para os "adolescentes irresponsáveis" e para aqueles que ainda não fazem ideia do que querem da vida. Talvez seja isso.
Só digo e escrevo esse texto porque estou cansado de ter que estudar certas inutilidades, que são úteis segundo muitos. E no mais, fazer o quê? Continuar estudando coisas que nunca mais vou ver na vida, mesmo que não concorde com elas.